Para ti,
Estou quase a fazer anos, faltam menos de 24horas, provavelmente não vais adivinhar o
que queria que me oferecesses! Não adivinhas porque perdes-te a capacidade de
ler os meus olhos e de me ouvir para além das palavras, talvez por isso já nem
te maces em me olhar nos olhos ou em escutar o que digo. Não adivinhas porque
te estás a marimbar!
Assim, peço-te nesta carta, que provavelmente nunca irás ler
e que por isso nunca irás adivinhar, peço-te uma conversa, uma conversa
daquelas “sem-consequências”, uma conversa daqueles em que a alma se liga
directamente à boca sem qualquer obstáculos e deixa fluir tudo o que vai cá
dentro, uma conversa daquelas que não são interrompidas pelo telemóvel, pela campainha
da porta, pela sede, pela fome ou pela tua impaciência, uma conversa daquelas que já não se têm nos dias de hoje, pedia-te uma conversa
daquelas em que os teus medos e o cansaço do trabalho se guardam por umas
horas, ou por alguns minutos…
Essa conversa já tem um guião, provavelmente, com o
desenrolar da língua e o desvendar da alma surgiriam novas questões,
provavelmente até ao dia em que teremos “essa conversa “ que nunca teremos, novas
questões surgirão.
Todos os dias crio, em surdina, novas questões para
acrescentar ao argumento desta-conversa-nunca-teremos!
Apesar de lhe chamar "a-conversa-nunca-teremos" conservo a certeza que um dia se irá
realizar, eventualmente eu já não estarei lá para fazer as perguntas, mas
alguém ou tu mesmo as fará!
1 comentário:
Bem... até engoli em seco!
Faz tanta falta uma Conversa assim entre um casal...
Beijinhos e não estejas triste querida
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